AVISO

ISTO É UM DIÁRIO.

17 de fevereiro de 2013

Ainda bem que eu fiz vc, diário!

Nunca gostei muito de aglomerações, não faz meu estilo. Acho que dentro de mim já há muita desordem pra me misturar com a desordem dos outros, mas acho que é inevitável. Acho muito bonito que alguns dos meus colegas de curso se envolvam do fundo do coração em causas que eles sentem que são deles, que são de todos nós. Eu tbm sinto que as causas também são minhas, mas me vejo e me sinto melhor reagindo de outras maneiras. Dentro de mim tenho muita desordem, mas essas desordens de vez em quando me ajudam a tentar ajudar outras desordens, as dos outros. Gosto de ouvir a Luana, a Ananda, de quando a Lyanne decide se abrir (coisa que quase nunca acontece), gosto de quando a desordem da minha mãe se organiza um pouco ou quando nossas desordens que são tão afins se afinam e a gente consegue se entender, mas fico imensamente triste quando o G.  não entende esses meus estados, essas desordens, esses humores que oscilam de forma absurdamente insuportável! Tudo bem, às vezes nem eu suporto isso em mim e ninguém tem a obrigação de aturar, se nem eu mesma consigo, mas...mas... me faz sentir muito sozinha. Tenho tido muitas esperanças pra esse ano, embora tenha muito medo do meu futuro daqui pra frente: como vou me sair no mestrado, se vou conseguir estudar como devo e quero, escrever o quanto eu quero e devo, ser uma pessoa melhor pra mim e consequentemente com os outros, ser uma noiva melhor (nem sei se isso eu consigo! acho que não..), se eu e o G. um dia vamos ser realmente felizes, se eu fiz bem em ter meio que forçado a barra com o G. em ter comprados nossas alianças de noivado, se a convivência aqui em casa vai melhorar ou piorar, o que vou fazer do dinheiro da bolsa do mestrado se vou saber administrá-lo, por que eu estou pensando tanto em ter de me esforçar? Eu sei que se eu não me esforçar por mim, ninguém fará, mas pra mim, hoje, eu acho que construir uma carreira, no ritmo que eu sei que é o meu, acho que pode ser isso que eu tenho pensado tanto: escrever, tentar mostrar pra o mundo, ou pelo menos nacionalmente que eu creio que eu posso ser alguém. Não sou uma revolucionária, não saiu pelas ruas gritando ou empulhando cartazes contra aqueles que me reprimem, que vão contra o que eu acredito, mas eu acredito em outras formas, minhas formas de contribuição. Não quero parecer egoísta por não sair por aí como muitos dos meus colegas, mas não por não achar o certo, mas porque eu pessoalmente acho que há outras formas. Embora para muitos escrever/produzir não seja uma forma de combate, de luta, de resistência, eu acredito que é. Acredito que posso ajudar alguém escrevendo, como eu já fui interpelada por uma pessoa justamente porque eu escrevi algo que a ajudou a enfrentar um problema pessoal. Não acredito em mudanças bruscas porque eu me conheço o bastante pra saber o quanto é difícil pra mim ser mais paciente, respirar fundo ceder em certas situações, e não tenho impulsos de matar, de gritar, de maltratar animais ou coisas do tipo, eu apenas embruteço meu coração, minha voz, meus olhos, emburreço a cara e machuco com palavras, o que na maioria das vezes eu faço pra me defender da dor que eu sinto, muitas vezes uma dor já crônica, porque muitas vezes me chateio com coisas mínimas que trazem coisas grandes, e aí desconto da mínima coisa um mundo de coisas que me aconteceram e que eu acho que me acontecerão. Se eu sou assim, imagino o resto das mais de 7 milhões de pessoas que existem por aí, que diferente de mim, matam, roubam, ferem de todas as formas, maltratam crianças, animais, bebês, idosos, sonhos alheios...fico pensando que já que o mundo é tão grande e tão povoado, se eu puder modificar uma ideia, um sentimento, qualquer coisa que seja, pelo menos por 2 segundos, 10 minutos, ou um dia inteiro, eu fico satisfeita porque isso já é uma contribuição. Sei que toda vez que magoo meu próximo, que me revolto por bobagem, que me martirizo, estou diminuindo minhas chances de salvação, se é que isso existe... mas minha maneira de tentar salvar um pouco do mundo é amando meus gatinhos, me emocionando com filmes porque eu sei que tudo no mundo é energia e se uma energia boa emana de alguém em um ambiente esse ambiente fica mais leve (aqui em casa precisa de leveza mais do que de dinheiro eu acho), compartilhando meus pensamentos como agora, mesmo que há 10 minutos atrás eu estivesse estudando lendo um livro de antropologia que eu já deveria ter lido há pelo menos 2 anos (e me arrependendo amargamente, mas ainda há tempo!), tive o ímpeto de escrever isso agora. Fico agora pensando no tempo que perco longe de pessoas reais, de contato face a face, mas penso no que eu posso estar tentando construir com esse distanciamento. Estou perto porém tão longe, me sinto só mas tão útil no mundo e ao mesmo tempo tão acomodada...fico pensando demais no que as pessoas podem pensar de mim, que nunca trabalhei na vida (nem carteira de trabalho eu tenho ainda!), mal sei andar sozinha na cidade que eu nasci, não vou ao centro da cidade sozinha de jeito algum, sou insegura, não sei reagir a elogios, não sei reagir a "não" e mal sei dizer "não". Fico pensando nas minhas tentativas bobas de expressar o que eu penso e sinto pras pessoas e na minha incapacidade de dizer pra minha própria mãe que eu preciso de ajuda médica, de abrir meu coração pra o meu próprio noivo, o que eu já não faço porque sei que ele não me entende, não acredita quando digo que tenho depressão ou qualquer problema do tipo, pra ele tudo é passageiro... eu sei que tudo passa, mas Deus! Como eu tenho ciúmes do W., como eu sinto dor no coração quando o G. abraça ele e adula e fica pedindo pra ele fazer as coisas com ele, tentando animar ele, como ele nunca fica com raiva dele, quando ele disse que tinha comprado cervejas SÓ pra ele beber, sendo que eu estava lá, eu havia ia comprar com ele e era pra todo mundo curtir junto, mas o G. disse isso... eu juro que eu sei que é pura idiotice da minha parte tentar entrar ou comparar com uma relação tida pelo G. como de pai e filho, se eu cheguei na história há apenas 8 anos...há apenas 8 anos eu entrei na vida deles e eu quero um espaço que nunca vai ser meu! Nunca vou ser protegida como ele o protege, nunca poderei contar com o G. como o W. pode contar, nem quando eu mais precisei, nem quando eu achava que ia ter um filho antes mesmo de ter condições de planejar (e graças a Deus era só um problema no atraso da menstruação), e eu tive tanto medo de como tudo ia desabar na minha cabeça, e me dói só de lembrar que a primeira vez que fui a um laboratório fazer um exame BetaHCG, me sentindo completamente apavorada como eu tava, chovendo, com meu coração em brasa, eu estava sozinha, não havia mão do meu lado pra apertar e nem um olhar me dizendo pra ter calma...ai, eu sei, eu sei... guardo muitas mágoas, sou rancorosa, e é como eu acabei de dizer, sempre que tenho uma chateação boba, um mundo de chateações me voltam, e eu acho que uma pessoa assim nunca pode ser uma pessoa feliz. Eu nunca serei feliz, é isso? Mas mesmo perdendo a esperança nas pessoas, ainda tenho esperanças de que posso criar esperanças na vida de alguém, seja com meus textos, com minha tentativa de fazer ciência, com o pouco de amizade que eu posso dar. Ainda sou tão humana e posso dar tanto amor e esperança, mesmo que com meus dedos, que até sinto melhor. A vida é assim, a gente nunca pode abarcar o mundo com as mãos, as pernas, as palavras, mas pode abraçar alguém, que pode repassar o abraço, que pode passar adiante, e por sua vez passa a diante, e aí que a vida se define: como uma grande tentativa de conexão.

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