Do verbo ao desatino

Incomum, essa é a sensação. Levantei com dificuldade, meia hora mais tarde do que eu deveria levantar. E sai de casa de óculos, que era pra ver o mundo diferente, pelo menos hoje. Sei lá... e nem gosto de sair de casa de óculos porque ele é meio frouxo do lados, e fica caindo direto, e eu fico empurrando com as pontas dos dedos. Eu detesto estar desconfortável, seja com o que for, me sinto meio mal, e pra mim já basta estar desconfortável por dentro, comigo.

Família é uma maravilha que pode te desgraçar, por dentro e por fora. Digo isso porque hoje meu pai jogou na minha cara o fato de ter "gastado dinheiro comigo", ter gasto mais de mil reais (e tava demorando ele jogar na mina cara de alguma forma), que por sinal foi com meu celular novo, porque roubaram o antigo, e com a mini pensão que ele "dá" todo mês, uma mixaria que ele dá pra mim e minha mãe, e com as contas de energia...como se fosse muita bondade da parte dele "gastar" com a única filha que ele tem. Jogar na cara da filha, tendo gasto dinheiro à torto e á direito com putas e bebidas, a vida toda, por ter feito minha mãe sofrer nesses quase 30 anos de "casamento"? Eu sempre acho que ele se supera, sempre. O desgosto do dia vai pra ele, esse pai que acha que ser pai é contribuir com dinheiro...porque acho que ele não tem talento pra pai, e nem pra marido. Tem gente que não tem talento pra ter frutos...minha mãe também não tem muito talento pra mãe não...mas tenho de agradecer muito por ser o que eu sou, por nunca ter faltado nada, pela criação superprotetora, apesar de tudo. Mas tem horas que eu sei que estou sozinha no mundo...

É complicado quando as pessoas que moram comigo só escutam suas próprias lamentações: doença, dor, falta de dinheiro, fofocas, deveres de cada uma...e não dão ouvidos pra o que realmente importa, não dão mais ouvidos pra mim. Lembro que antigamente, quando eu tinha uns 13 anos, eu ainda importava, mas hoje fui falar sobre a consulta ao dentista, que o médico disse que eu tenho de tirar uma ultrassom panorâmica dos meus dentes e tal, quase não prestaram atenção. 

Estou me sentindo frustrada, embora eu saiba dos meus talentos. Não quero admitir que tenho talentos, porque sempre me acostumei a ser discreta.

Hoje o Millôr Fernandes morreu. Como esse ano começou estranho, e como ele tá complicando a vida de muita gente! Eu pensei que as pessoas podem estar falando mais sobre os problemas via Facebook, por exemplo, onde todo mundo se pinta feliz e satisfeito com a vida...mas eu acho que são muitos gritos pra pouco ouvido atento, e todo mundo tá gritando ao mesmo tempo, pra chamar atenção de alguém. E quem se importa, hein? Se tá todo mundo gritando?

Tava online no Facebook e uma pessoa que conheci por cauda da pesquisa sobre BDSM veio falar comigo, perguntando se eu já "parti pra pesquisa de campo"...interessante pergunta, porque não foi só ele quem perguntou, e não só as pessoas do meio, com quem eu tenho contato me perguntam isso. Realmente, acho muito interessante reflexões sobre pesquisas nas quais o pesquisadora acaba se tornando pesquisado também, se envolve com o campo, mas no meu caso, não me vejo escrevendo academicamente sobre minhas escolhas sexuais. Isso foi uma cantada? Eu tenho minhas preferências sim...quem sabe? Eu e o Gilmax. Ponto. Espero não falar mais sobre isso aqui.

São 15:39 da tarde...e o tempo tá nublado. E eu ainda vou lavar uma montanha de roupa...e ainda tem um trabalho pra fazer pra amanhã... =(

Tô cansada. Escrevi mais da monografia.