Nem todo silêncio é mudo, assim como nem toda lágrima é de tristeza; nem todo escudo protege, e nem todo amor é primavera. Você me viu inteira, sorriso no rosto e olhos brilhantes, mas eu estava te medindo, assim como eu podia medir meu amor. Eu podia, embora ele me escapasse. Podia assim como a gente tenta medir a distância do mar, como a gente tenta ir além, mas o além é finito... Mas meu coração te pedia pra ficar, no momento em que você pensou que eu estivesse pronta. Não, eu não estava. Mas eu queria ter te falado as coisas que eu calei. Mas não entendo. Porque meu coração gritava rouco no peito, e você não ouviu. Nem eu ouvi. Mas eu sabia que a qualquer momento eu podia me ouvir te dizer, mas eu não disse. Nem todo silêncio é mudo, porque ao mesmo tempo que eu calei, eu te disse o mundo. Não quero me perder no espaço de uma incompreensão, embora eu deseje que minhas palavras se perdam, e que depois eu possa me esforçar na tentativa de recolhe-las. Mas acho que não é preciso esforço, não é. Não preciso dizer nada. E que silenciar não signifique dor, e é isso que espero: um silêncio que me saia como um alívio imediato, uma dose de alguma bebida inebriante, que me faça navegar em mim, dentro de mim, sem medo de cair num poço profundo, e nem de me afogar. Não, não quero me perder de mim. Mas acho que isso também eu não preciso dizer.
Marcelle Silva, 6 de agosto de 2011/ 9 de dezembro de 2011
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