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23 de novembro de 2011

Do descompasso de amar


Soa até como ingratidão, por tudo o que já vivi, pelo que tenho e o que já tive, mas às vezes eu gostaria de não ter conhecido o “amor”. Dizem “o inferno de amar” e acho que é compreensível, porque é mesmo um inferno. Um inferno particular que se torna coletivo, que você compartilha com o outro no sentido de algo que você aguarda reciprocidade. Eu gostaria mesmo que ninguém lesse isso que me vai sair como um desabafo, uma coisa ruim que eu arranco do meu peito, que me sai rasgando a garganta, e que me transborda pelos olhos... e eu não queria ter conhecido.  Não queria ter sentido o gosto doce dele, não queria ter sido tocada por ele. Eu não queria sentir como se eu não o tivesse toda vez que eu, na ilusão de tê-lo, me sinto mais do que eu sou. Eu não sou nada, e para mim ele é tudo. Mas sou um nada que é tudo por ter o poder de sentir. E eu sinto que às vezes não queria sentir amor, se é amor o que me faz tão mal às vezes. Um desabafo na tentativa de verbalizar uma dor que não deveria estar, mas que dói como dor de ferida aberta. Amar é sentir dor? Então eu amo, e amo muito, porque dói mesmo quando deveria vir a bonança. Amar é respirar, e inspirando você sentir o coração se comprimir apertadinho no peito? E por que isso tudo, se há mais coisas a que se dedicar? Há mais problemas, mais sérios e concretos, e você mal consegue respirar porque acha que não é o suficiente pra ele, e não tem o suficiente pra se sentir amada. Quem errou? Alguém? Acho que não. Só sei que eu sou desatinada demais, intensa demais... Clarice já dizia que “amor tem que encher o coração, a casa, a alma.” Mas eu me sinto cheia, porém acho que não sei amar. É isso, acho que não sei amar, e isso me dói mais ainda.  Estou em crise comigo, e com o amor. Nunca pensei que isso fosse possível, logo eu que tenho mania de falar de amor, amor amor... falar é fácil, o difícil é viver um amor, quando tudo o que eu quero é vivê-lo, mesmo ele me fazendo sofrer quando nem sabe que o faz. Porque eu sofro de amor. Deve ser isso. De amor e por amor. 

Marcelle Silva

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